Na década de 80 eu estava começando a minha carreira na dança, então buscava com muita sede tudo o que pudesse vivenciar e aprender de técnicas corporais. Eu tinha vários professores de dança nesta época, mas a Maria, que com certeza era uma “notável”, acabara de voltar de Londres. Ela era cheia de vida e criatividade e havia vivenciado um workshop do Método Feldenkrais com o próprio mestre. Ela repassou muitas das lições maravilhosas, as quais fizeram um diferencial em nossas aulas de ballet clássico, iniciávamos as aulas sempre com uma lição. A minha percepção musical e corpórea se desenvolveu muito nesta época, eu me sentia mais completa ao dançar, mais viva e mais expressiva. Não eram apenas belos movimentos, mas a alma estava presente ali. Lembro-me do quanto as pessoas ficavam encantadas de me verem dançar, e eu estava longe do padrão corporal de uma bailarina clássica, mas ao mesmo tempo a minha relação com o meu companheiro de dança era tão forte e intuitiva que me possibilitou soltar toda a minha expressão e sensibilidade que estava aflorando das lições. Ele era, além de meu parceiro em todas as danças, um grande amigo, e assim dançamos muitos anos, até a sua morte. Após este período, houve muitas mudanças sociais e políticas no país, e nós bailarinos, vimo-nos desempregados por um bom tempo. Muitos teatros estavam fechados, a situação financeira do país estava precária e com isso muitas escolas de dança deixaram de existir assim como nossos sonhos tiveram que ser engavetados. Nos meados de 1997 me mudei para a Europa, e tive oportunidade de ir para Londres. Desta vez fiz as lições de Feldenkrais aliadas à dança, com pessoas que haviam sido alunos do Moshe Feldenkrais. Revivi todas aquelas sensações, percepções e sentimentos de alguns anos atrás e também a saudade que sentia do meu amigo e parceiro de dança, um grande notável, que para mim era como se ele estivesse fazendo as aulas comigo. Minhas aulas de dança voltaram a ter um outro olhar sobre o bailarino, sobre o dentro e o fora de um corpo humano, sobre perceber o meu esqueleto dançando. E eu sentia uma enorme reverência e mais profundidade para trabalhar com a dança oriental, à qual atualmente me dedicava. Fiquei cheia de mim, e quando retornei ao Brasil, ainda havia resquícios das lições pelas minhas aulas, mas como é comum entre os homens e mulheres, algo tão prazeroso acaba caindo no esquecimento. E eu fiquei por um bom tempo envolvida com a própria técnica da dança oriental, a cultura, costumes de um povo etc. Posteriormente, comecei a desenvolver um trabalho com a bailarina profissional, notável, Fádua Chuffi, e através dela tive o prazer de conhecer o notável, Shokry Mohamed, bailarino egípcio radicado na Espanha e o músico Omar Faruk com quem pude fazer apresentações, tanto um como o outro faziam parte da tradição sufi, cada qual de uma ordem diferente.
Até que começei a estudar a tradição sufi e o quarto caminho, influenciada pela minha médica Sônia Britto, uma outra notável. De repente me dei conta da amizade de Ouspensky com Feldenkrais, então lembrei de algumas lições e percebi o quanto elas estavam tão próximas de tudo o que estava estudando, e novamente fez sentido para mim. Ressurgiu então, a necessidade de integrar o método com a dança oriental, mas ainda assim faltava embasamento, e para rimar, caiu mais uma vez no esquecimento. Em 2000, muito próximo de onde eu estava morando vi que num espaço de terapias holísticas estava sendo oferecido um workshop do Método Feldenkrais, rapidamente fiz a minha inscrição, e foi muito bom. Eu estava passando por momentos difíceis com o meu corpo, ele estava cheio de dores e emoções que não se expressavam, e aquele workshop foi um bálsamo para mim. Foi tão bom que por quatro anos repeti e recriei aquelas lições, em 2007 fizemos o convite para que o professor Hans Reikdal voltasse a dar o workshop e com isso fizemos todo o curso dele que durou um ano e meio. Agora, além de mim, também alguns amigos e algumas alunas também fazem o curso, criamos um grupo de “Feldenkranianos” em Atibaia e nos reunimos com este professor um fim de semana por mês. Com isto fomos levando essas novas experiências para a dança, na tentativa de expandirmos nossas percepções, sensibilidades e criatividades, ou como diz o próprio Método, retornarmos àquilo que seria o nosso estado natural como seres humanos.
Até que começei a estudar a tradição sufi e o quarto caminho, influenciada pela minha médica Sônia Britto, uma outra notável. De repente me dei conta da amizade de Ouspensky com Feldenkrais, então lembrei de algumas lições e percebi o quanto elas estavam tão próximas de tudo o que estava estudando, e novamente fez sentido para mim. Ressurgiu então, a necessidade de integrar o método com a dança oriental, mas ainda assim faltava embasamento, e para rimar, caiu mais uma vez no esquecimento. Em 2000, muito próximo de onde eu estava morando vi que num espaço de terapias holísticas estava sendo oferecido um workshop do Método Feldenkrais, rapidamente fiz a minha inscrição, e foi muito bom. Eu estava passando por momentos difíceis com o meu corpo, ele estava cheio de dores e emoções que não se expressavam, e aquele workshop foi um bálsamo para mim. Foi tão bom que por quatro anos repeti e recriei aquelas lições, em 2007 fizemos o convite para que o professor Hans Reikdal voltasse a dar o workshop e com isso fizemos todo o curso dele que durou um ano e meio. Agora, além de mim, também alguns amigos e algumas alunas também fazem o curso, criamos um grupo de “Feldenkranianos” em Atibaia e nos reunimos com este professor um fim de semana por mês. Com isto fomos levando essas novas experiências para a dança, na tentativa de expandirmos nossas percepções, sensibilidades e criatividades, ou como diz o próprio Método, retornarmos àquilo que seria o nosso estado natural como seres humanos.